segunda-feira, 12 de março de 2012

Boa tarde, essa semana vamos começar as entrevistas, e para inaugurarmos vamos ver a entrevista que o ex-goleiro da Seleção Alemã Oliver Kahn concedeu a Fifa:

Kahn: "Eu marquei uma era"


Vice-campeão mundial, campeão europeu, campeão alemão, da Copa da Alemanha, da Liga dos Campeões da UEFA e da Copa Intercontinental... a lista de premiações de Oliver Kahn é vasta e ilustra bem a carreira brilhante que o goleirão teve ao longo de 21 anos, boa parte deles dedicados à seleção nacional, pela qual acumulou 86 partidas (49 como capitão).
E, mesmo que tenha mudado um pouco foco pessoal ao se aposentar em 2008, Kahn não se afastou totalmente das atividades relacionadas ao futebol. De lá para cá, ele vem trabalhando como comentarista de televisão, cursou um MBA e atuou como olheiro procurando jovens com talento para atuar como goleiros no Japão. Tudo isso sem aparecer muito na mídia.
FIFA.com aproveitou, então, um dos raros momentos em que o ex-goleiro parou para dar seus pontos de vista. Em entrevista exclusiva, ele falou sobre diversos assuntos, passou pelo plano pessoal, pela Eurocopa 2012 e fez até uma aposta sobre Manuel Neuer, seu sucessor no Bayern de Munique. "Ele também pode marcar uma era", diz. Confira a conversa.
FIFA.com: Você já respondeu quase todo de pergunta. Será que ainda existe alguma questão que não fizeram ou alguma informação que você gostaria de compartilhar conosco?
Oliver Kahn(risos) Não sou o tipo de pessoa que tem necessidade de se comunicar e estar sempre aparecendo publicamente. Por isso, fico contente que haja coisas que as pessoas ainda não sabem sobre mim. Obviamente, as pessoas sabem muito a meu respeito, mas isso é normal após 20 anos de carreira como futebolista profissional. Muitas coisas acabam vindo a público.
Nos últimos tempos, a sua vida tem sido mais tranquila. Você aprecia isso ou sente falta de estar no centro das atenções?
Essa decisão de não aparecer mais tanto publicamente foi tomada de modo consciente. Estou procurando desafios para mim em um plano completamente diferente. No ano passado, concluí o meu curso de MBA, fundei a Fundação Oliver Kahn, criei uma plataforma de Internet e, além das minhas atividades como comentarista de televisão, também estou produzindo um programa de televisão na Ásia.
Fica claro, portanto, que você considera importante estar sempre procurando novos projetos, certo?
Não tenho vontade de viver apenas do meu passado. Sou uma pessoa que sempre busca novos desafios e objetivos.
Em janeiro, Lionel Messi recebeu pela terceira vez consecutiva a Bola de Ouro da FIFA. Você considera que ele mereceu o prêmio e que é o melhor jogador da atualidade?
O Messi é sem dúvidas um jogador excepcional, como um Maradona ou um Pelé. No momento, ele está atuando no melhor clube do planeta. O sucesso e os títulos vão acontecendo, é a consequência natural que ele seja eleito o melhor do mundo.
Foi justo que astros alemães como Özil, Müller e Schweinsteiger não tenham ficado entre os dez melhores?
Se considerarmos o desempenho pela seleção, certamente um ou outro alemão teria merecido ficar melhor posicionado. Mas essas votações são sempre direcionadas para os grandes títulos que o jogador conquista. Se a seleção alemã for campeã europeia e o Real Madrid ou o Bayern de Munique ganharem a Liga dos Campeões, os atletas alemães com certeza estarão entre os primeiros.
Na Gala da Bola de Ouro da FIFA, outro jogador muito comentado foi o jovem astro brasileiro Neymar, que recebeu o Prêmio Puskás da FIFA por ter marcado o gol mais bonito do ano. No entanto, ele se recusou a se transferir para a Europa por se sentir melhor no seu país. Você acredita que isso é um erro?
Não cabe a mim aconselhar um jogador estando tão distante. Talvez a sua decisão demonstre uma certa inteligência. Por que ele deveria ir para algum lugar onde ele talvez não vá se sentir bem? Por que não ficar no seu próprio país, onde tudo está indo bem para ele e onde ele se diverte jogando futebol?
Falando sobre a Liga dos Campeões, o Bayern de Munique está sonhando em jogar a final do torneio no seu próprio estádio. Você acha que é uma tarefa possível?
Certamente, há uma motivação extra. O Bayern de Munique é sempre favorito ao título. A equipe tem a qualidade necessária. No entanto, para ganhar a Liga dos Campeões também é preciso ter muita raça, força de vontade e um pouquinho de sorte.
Como você avalia o seu primeiro sucessor legítimo ao gol do Bayern, Manuel Neuer, após cerca de pouco mais de meio ano?
Ele está sentindo como é difícil quando só uma ou duas bolas chegam ao seu gol durante uma partida e você precisa estar sempre com um rendimento de 100% e sempre com muita concentração. Mas acredito que o Neuer seja um goleiro que pode marcar uma nova era no Bayern.
Vamos falar da seleção alemã. A Alemanha conseguirá conquistar a Eurocopa 2012?
A seleção mostrou um futebol formidável no ano passado. A equipe está aplicando o sistema de Löw com perfeição e se desenvolveu técnica e taticamente. Combinando tudo isso com a vontade e a disciplina necessárias, a seleção pode ser campeã europeia.
Atualmente, a Alemanha está produzindo diversos jovens talentos, como Mario Götze, Marco Reus, André Schürrle e Holger Badstuber. Você está impressionado como o número de novos craques?
Não fico impressionado, porque é uma consequência das muitas alterações estruturais e melhorias no futebol alemão no que diz respeito às categorias de base. O trabalho de formação segue uma filosofia clara. A partir dessas estruturas, surgem muitos talentos e, por isso, jogadores como Götze, Reus e companhia não são surpresas. Mas não podemos acreditar que isso se tornará algo automático. No futuro, teremos safras mais fracas novamente. Isso é absolutamente normal. Mas com um processo de formação bem fundamentado, aumenta a probabilidade de que novos talentos excepcionais estejam à disposição.
Seria benéfico para Götze e companhia irem jogar no exterior?
Em que isso teria me ajudado na minha época? Sempre me identifiquei 100% com o Bayern e marquei uma era no clube ao longo de mais de 14 anos. Sou grato por isso, porque pude atuar ao lado de muitos jogadores excepcionais. Sinto que isso é muito mais valioso do que se eu tivesse jogado em oito clubes diferentes. Chegaria um ponto em que você nem sequer saberia direito em que clubes já jogou. Não acredito que isso seja interessante. Principalmente porque a Bundesliga está se tornando cada vez mais atrativa.
O fato de os espanhóis terem conquistado a Eurocopa e a Copa do Mundo da FIFA pode ser uma vantagem, considerando que eles talvez já estejam mais satisfeitos, enquanto os alemães continuam jovens e com sede de vitória?
Os espanhóis sempre foram se desenvolvendo um passo de cada vez. Obviamente, isso precisará ter um fim alguma hora, quando eles se sentirão satisfeitos. No entanto, eles sempre consideram que dar ainda mais um passo também é um grande desafio. E o trabalho com as categorias de base também não está parado na Espanha.
Está cada vez mais comum ouvir dizer que Espanha e Alemanha dominarão o futebol mundial durante os próximos anos...
Declarações como esta são uma falta de respeito com os outros países. As outras nações podem explodir a qualquer momento. Em um nível tão alto, geralmente, são os pequenos detalhes que definem uma vitória ou uma derrota.
Muitos torcedores gostariam de ver o retorno de Oliver Kahn ao Bayern de Munique como dirigente. O que você pode dizer sobre isso?
Devido às minhas muitas atividades, não tenho intenção de voltar ao futebol no momento. Também há outras coisas para fazer e desafios para alcançar fora do futebol. Mas é claro que continuo sempre acompanhando o meu ex-clube com muito interesse.

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